11/12/2025 | Press release | Distributed by Public on 11/12/2025 08:10
A participação da Embrapa na COP30 reforçou a importância do monitoramento de secas às estratégias de sustentabilidade das práticas agropecuárias. No último dia 11/11, durante a programação da AgriZone, o público conheceu o avanço do Programa Monitor de Secas do Brasil, coordenado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e integrado por mais de 60 instituições parceiras, entre elas secretarias estaduais de meio ambiente e órgãos de defesa civil.
A apresentação foi conduzida pela coordenadora de Articulação pela Gestão de Eventos Críticos da ANA, Alessandra Daibert. Participaram como expositores Caco Graça, coordenador de Desastres Ambientais da Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Maranhão; o coordenador do Núcleo de Monitoramento Hidrometeorológico da Secretaria Antônio Souza, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará; e o meteorologista do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Hugo Ramos.
Alessandra Daibert ressaltou que o Monitor de Secas é uma ferramenta de acompanhamento mensal da severidade e dos impactos da seca, "e não um sistema de previsão". Ela acrescentou que a tecnologia é composta por um conjunto de evidências meteorológicas, hidrológicas, agrícolas e observacionais, voltadas para gerar mapas regionais que mostram a evolução do fenômeno no país. O diferencial é o uso de dados de campo, com observadores locais que validam as informações técnicas.
"Nosso foco é a seca relativa, ou seja, a comparação entre a situação atual e a condição normal de cada região. Não consideramos a estiagem sazonal típica de certas épocas do ano", explicou Alessandra. O monitor utiliza indicadores como o SPI (precipitação padronizada) e o SPEI (precipitação e evapotranspiração), além de índices combinados de curto e longo prazo, que ajudam a definir cinco níveis de severidade, de seca fraca a seca excepcional.
Criado como projeto-piloto na região Nordeste em 2014, o programa foi expandido gradualmente para todo o território brasileiro e, desde janeiro de 2024, cobre 100% do país. A produção do mapa nacional envolve uma rede articulada de autores, validadores e observadores, divididos por blocos regionais (Sul-Sudeste, Centro-Oeste-Norte e Nordeste), com um ciclo mensal de análise e validação que dura cerca de 14 dias.
Referência para políticas públicas
O Monitor de Secas já se tornou referência para políticas públicas, observou Alessandra Daibert. A Defesa Civil Nacional, por exemplo, utiliza como base para decretar emergência ou calamidade pública, enquanto órgãos estaduais, como a Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia (Serb), usa os dados para definir rotas prioritárias de perfuração de poços.
Entre os próximos desafios, Alessandra destacou o fortalecimento das redes de observadores na Amazônia, onde a densidade de monitoramento é menor, e a criação de um banco de impactos regionalizados, para caracterizar melhor os efeitos da seca em cada bioma, como a interferência na navegação amazônica ou os impactos na agricultura nordestina. Também estão sendo desenvolvidas tabelas regionais de impactos, que substituem modelos estrangeiros e traduzem as especificidades brasileiras, considerando eixos como agricultura, pecuária, recursos hídricos e incêndios florestais.
Quanto à perspectiva de cooperação técnica nacional e internacional, a ANA iniciou articulação com a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) e o Centro de Investigação do Fenômeno El Niño (CIFEM) para criar um Monitor de Secas da América do Sul, ampliando o intercâmbio de dados e experiências no enfrentamento da escassez hídrica.