11/13/2025 | Press release | Distributed by Public on 11/13/2025 08:09
A cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, foi atingida na tarde de 7 de novembro por um tornado de alta intensidade, com ventos estimados em mais de 330 km/h. O fenômeno causou destruição em grande parte da área urbana, resultando em mortes, feridos e centenas de pessoas desalojadas.
Diante do desastre, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mobilizou sua equipe técnica para contribuir com o mapeamento de danos e apoio às ações de resposta, no âmbito da Carta Internacional Espaço e Grandes Desastres (Disasters Charter), uma iniciativa global que reúne 17 agências espaciais para disponibilizar imagens de satélite em situações emergenciais.
Atuação do INPE na resposta ao desastre
A Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC), órgão do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MDR) responsável por coordenar as ações de proteção e defesa civil em nível nacional, solicitou ao INPE o acionamento da Carta Internacional. A ativação foi realizada em 8 de novembro pelo Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD), sendo registrada como a de número 1.002 desde a criação do programa, em 2000.
A medida permite o uso coordenado de dados e imagens provenientes de 270 satélites das diversas agências espaciais internacionais, incluindo os satélites desenvolvidos e operados pelo próprio INPE.
No caso do tornado no Paraná, a atuação é conduzida de forma integrada entre o INPE, o CENSIPAM (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia) e o CENAD. Alexandre Junqueira Homem de Mello, servidor do Instituto, é o Gerente de Projeto que conduz essa ativação.
Nesse tipo de operação, o papel do INPE, além de fazer a programação das aquisições das imagens dos seus satélites, é processar e interpretar imagens de satélite de alta resolução espacial para gerar mapeamentos que orientem o trabalho de equipes em campo. Entre as aplicações estão:
Segundo Laércio Namikawa, pesquisador do INPE e representante na Carta, "as imagens de satélite permitem quantificar o grau de destruição e entender a extensão do evento. A partir disso, as autoridades conseguem planejar de forma mais precisa onde concentrar os esforços emergenciais e de reconstrução".
O trabalho de processamento e análise deve durar cerca de 10 dias, dependendo da complexidade dos dados recebidos e das solicitações de mapeamentos de danos adicionais. Os produtos e dados referentes a esta ativação da Carta Internacional podem ser consultados na página oficial do evento. Clique aqui para acessar.
Por meio do INPE, o Brasil participa do Disasters Charter desde novembro de 2011, contribuindo com imagens dos satélites sino-brasileiros CBERS-4 e CBERS-4A, e do satélite nacional AMAZONIA-1. O Instituto liderou a Carta em 2021 e em 2024, quando sediou a reunião dos membros do consórcio. Em outubro de 2027, assumirá mais uma vez a liderança, reafirmando o papel estratégico do país no uso de dados espaciais em resposta a emergências globais.
Previsão de fenômenos extremos em escala de tempestades
As condições meteorológicas que dão origem a fenômenos extremos causados por tempestades convectivas, como granizos grandes, vendavais e tornados, podem ser previstas a partir da identificação de fatores atmosféricos que favorecem a formação de tempo severo. Esses fatores incluem a instabilidade atmosférica, a presença de umidade, o cisalhamento do vento (mudança de direção e intensidade em diferentes altitudes) e a convergência de ar em baixos níveis. A combinação e a intensidade desses elementos são avaliadas por meio de modelos numéricos atmosféricos, que simulam o comportamento do tempo tanto em escala global quanto regional.
O INPE é responsável por fornecer previsões numéricas nas escalas de tempo, clima e mudanças climáticas. No caso da previsão de tempo, esses modelos numéricos são indispensáveis para estimar, de forma probabilística, a chance de ocorrência de condições severas, por meio da chamada "abordagem baseada em ingredientes".
Desde 2018, o INPE também promove treinamentos em previsão imediata (nowcasting) de tempestades convectivas, voltadas a profissionais de centros meteorológicos operacionais. Nestes treinamentos, os participantes aprendem a identificar padrões em produtos de radares e satélites meteorológicos que indicam tempestades com potencial de causar granizo grande, rajadas de vento com potencial destrutivo e/ou tornados, sempre com base em exemplos inteiramente brasileiros.
Além disso, o INPE está em processo de migração de seus modelos para o novo supercomputador Jaci, o que vai aprimorar a qualidade das simulações meteorológicas e climáticas. Com maior capacidade de processamento e resolução espacial, será possível obter previsões mais detalhadas e explorar melhor a chamada "previsão por conjuntos", em que diversas simulações numéricas são realizadas para a avaliação de uma mesma situação atmosférica. Esse método permite gerar estatísticas que tornam as previsões probabilísticas mais precisas, inclusive para eventos extremos.
Compromisso com a ciência e a gestão de riscos
Com este trabalho, o INPE reafirma seu compromisso em aplicar ciência e tecnologia em benefício da sociedade brasileira. As informações geradas pela equipe do Instituto serão compartilhadas com órgãos de defesa civil e autoridades locais, contribuindo para uma resposta mais rápida e eficiente ao desastre.