12/19/2025 | Press release | Distributed by Public on 12/19/2025 05:18
Projeto do Governo do Pará é referência ao levar justiça hídrica e autonomia a mais de 1.200 moradores, avanço que ganhou reconhecimento nacional e internacional em 2025
O Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas) consolidou, em 2025, um projeto inovador, que garante justiça hídrica na região insular de Belém: o "Água para Todos". Os primeiros contemplados são moradores das ilhas do Combu e Grande, mas já estão em desenvolvimento estudos para a expansão da iniciativa para o município de Barcarena, que integra a Região Metropolitana.
Ao adotar soluções baseadas na natureza e em tecnologia social, o projeto visa garantir acesso à água potável, dignidade e resiliência climática às comunidades ribeirinhas que enfrentam o desafio histórico de acesso à água potável. O projeto se tornou símbolo de inovação, sustentabilidade e valorização das populações tradicionais, impactando diretamente mais de 1.200 moradores, em escolas, empreendimentos comunitários, agroextrativistas e unidades de saúde.
O ponto de partida foi um diagnóstico claro: mesmo cercadas por água doce, as comunidades insulares convivem há décadas com o paradoxo da escassez de água potável, agravado por pressões climáticas, variações sazonais, ausência de infraestrutura convencional de saneamento e vulnerabilidades sociais. Diante desse cenário, o Governo do Pará adotou uma solução inovadora, utilizando a natureza, o conhecimento científico e a autonomia territorial.
Segundo o secretário-adjunto de Gestão e Regularidade Ambiental da Semas, Rodolpho Zahluth Bastos, o projeto nasceu para garantir um direito básico às populações ribeirinhas. "A iniciativa foi pensada para promover segurança hídrica às comunidades ribeirinhas da Amazônia. Trata-se de um projeto-piloto, que se mostrou efetivo, alinhado ao reconhecimento do acesso à água potável como um direito humano. Além disso, é uma tradução concreta do conceito de soluções baseadas na natureza, ao tratar a água da chuva para o consumo humano e fomento da sociobioeconomia de comunidades ribeirinhas", informa Rodolpho Zahluth Bastos.
Chuva, sol e tecnologia social - O projeto implanta sistemas inteligentes de captação e tratamento de água da chuva, por meio da tecnologia PluGoW, que funciona com energia solar, não utiliza produtos químicos e é totalmente adaptada à realidade ribeirinha.
Cada sistema tem capacidade para armazenar pelo menos 5 mil litros, garantindo o abastecimento da comunidade. Na Escola Milton Monte, por exemplo, há três reservatórios, com capacidade para 15 mil litros de água potável.
Nos dias 15 e 17 de dezembro, houve capacitação para moradores que receberam os equipamentos de captação e tratamento de água da chuva. A orientação sobre manutenção do sistema foi repassada a pessoas que trabalham nas escolas Santo Antônio, São José, Milton Monte e Sebastião Quaresma; na Unidade Básica de Saúde; nos restaurantes Ygara, Saldosa Maloca e Filha do Combu, e na Associação de Mulheres Extrativistas (AME).
Professor titular da Universidade Federal do Pará (UFPA) e pesquisador do Núcleo de Meio Ambiente (Numa), Ronaldo Mendes enfatiza que a ciência foi decisiva para a escolha da tecnologia. "A pesquisa científica demonstrou que a água da chuva é muito mais próxima da condição potável do que a água do rio. Isso significa que seu tratamento é mais simples e eficiente para torná-la própria para consumo humano, o que fundamentou a adoção dessa solução", explica.
O projeto vai além da infraestrutura física, ao fortalecer a autonomia comunitária; incentivar a gestão local da água; reduzir emissões de CO₂ com a substituição de soluções tradicionais de alto carbono, como geradores a diesel, e impulsionar cadeias produtivas sustentáveis.
Os sistemas foram instalados em espaços estratégicos, muitos liderados por coletivos de mulheres. A integração de gênero é um dos pilares do projeto, garantindo o protagonismo feminino na gestão dos recursos e no fortalecimento da bioeconomia local.
Para a presidente da Associação das Mulheres Extrativistas do Combu (AME-Combu), Daniele Raiol, o impacto é direto na vida da comunidade. "Vivemos rodeados de água, mas ainda não tínhamos acesso à água potável. Com o projeto, reduzimos custos, deixamos de comprar água e, o mais importante, o abastecimento é coletivo. Qualquer morador pode acessar a água", ressalta.
Alinhamento às políticas climáticas - O "Água para Todos" integra as políticas estaduais destinadas ao meio ambiente, alinhando-se ao Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA) e ao Programa Regulariza Pará. Ao investir em saneamento ecológico, energia renovável e governança comunitária da água, o Estado promove ações concretas de adaptação e mitigação climática.
Entre os impactos já constatados estão a segurança hídrica permanente para espaços essenciais, redução de emissões de gases de efeito estufa e fortalecimento da bioeconomia local, além da criação de redes de monitoramento e educação ambiental, que estimulam a autonomia das populações ribeirinhas. O êxito da iniciativa amplia o potencial de replicabilidade da tecnologia em outros territórios vulneráveis.
Reconhecimento nacional - Os resultados alcançados renderam ao "Água para Todos" projeção nacional em 2025. O projeto conquistou dois importantes prêmios: o 1º lugar na Jornada COP+ Soluções Sustentáveis, da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), na categoria Gestão Pública, com apresentação paralela à COP30.
Venceu também o 13º Prêmio ESG da ADVB-PA (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil - Seção Pará), na categoria Social - Médias e Grandes Empresas, resultado da parceria entre Semas, Ideflor-Bio (Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade) e a empresa New Fortress Energy.
A iniciativa também integrou a Vitrine de Cases de Sucesso da Indústria Sustentável, da Fiepa, reforçando sua relevância nacional e seu potencial de expansão.
Pesquisa, monitoramento e parcerias - O projeto é resultado de uma sólida governança interinstitucional, envolvendo Semas, Ideflor-Bio, Numa/UFPA, Serviço Geológico do Brasil (SGB), Prefeitura de Belém, startup Pluvi Ambiental, New Fortress Energy e parceiros acadêmicos e comunitários.
Segundo Siméia Domingues, engenheira da Pluvi Ambiental, a entrega dos sistemas foi acompanhada de capacitação e rigor técnico. "Além da instalação, realizamos treinamentos e ações de educação ambiental para que a comunidade compreenda o funcionamento do sistema e a qualidade da água. As análises realizadas comprovam que todos os parâmetros atendem às exigências da legislação vigente", afirma.
Um dos participantes da capacitação é o fundador do restaurante Ygara, Gerson Tadeu Teles, conhecido como Charles. Segundo ele, muitos turistas, frequentemente, ficam questionam sobre a origem da água utilizada no local. "Hoje, a gente tem esse projeto para mostrar para eles e deixar as pessoas mais tranquilas ao saberem de onde vem a água", diz o comerciante.
Nas escolas beneficiadas, os reflexos do projeto são imediatos. Para a coordenadora pedagógica Marcele Moreira, do Anexo Escolar Santo Antônio, que integra a Escola Municipal de Educação do Campo Sebastião Quaresma, o acesso à água potável amplia as possibilidades pedagógicas e de cuidado com as crianças. "Agora temos água para beber, escovar os dentes e organizar ações como o escovódromo (para ensinar as crianças a escovarem os dentes). É um ganho enorme para a saúde e para o dia a dia escolar", ressalta.
Expansão e futuro - Com resultados consolidados, prêmios conquistados e reconhecimento internacional, o Governo do Pará prepara a expansão do "Água para Todos" para outras comunidades ribeirinhas e insulares.
"A experiência demonstra que é possível conectar comunidades, universidades e governo em torno de soluções sustentáveis de inclusão socioprodutiva, de transição justa e promoção da dignidade humana. O Estado possui regiões, como Marajó e Baixo Amazonas, que também demandam esse tipo de política pública", complementa Rodolpho Zahluth Bastos.
Mais do que infraestrutura, o "Água para Todos" se consolida como uma estratégia de transformação social, construída a partir do diálogo entre saberes tradicionais, ciência e gestão pública. Ao garantir acesso à água potável, o projeto fortalece a justiça social e a saúde pública, protege o meio ambiente e reafirma o protagonismo do Pará na agenda climática e da bioeconomia, promovendo dignidade, autonomia e novas oportunidades a povos amazônicos. (Colaboração de Bianca Leão - Semas)