Federal Government of Brazil

09/09/2025 | Press release | Distributed by Public on 09/09/2025 10:13

'Amazônia é o Brasil mais original e tem tudo de que precisamos', diz Lula

Preservação do meio ambiente aliada a criação de condições de crescimento econômico para o povo amazônico. Ampliação da capacidade de vigilância e prevenção de crimes com o Centro de Cooperação Policial Internacional, que vai unir nove estados e nove países da região. Crença no sucesso da COP 30, em Belém, e garantia de ações para que pequenos produtores amazônicos não sejam atingidos por consequências das tarifas unilaterais impostas pelos Estados Unidos. Em entrevista concedida à Rede Amazônica, afiliada da TV Globo, na noite desta segunda-feira, 8 de setembro, no Palácio da Alvorada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva detalhou a agenda que terá nesta terça no estado e afirmou que a Amazônia representa o que o país tem de mais original.

"Precisamos fazer o Norte se desenvolver. Mas hoje o desenvolvimento não é mais aquela devastação feita antigamente. Não precisamos derrubar árvores para plantar alguma coisa. Temos 40 milhões de hectares de terras degradadas que a gente pode utilizar para criar o que a gente quiser, para plantar o que quiser, sem precisar derrubar a floresta", afirmou Lula.

"A Amazônia é o Brasil mais original que temos hoje. Tem tudo que precisamos. Toda a riqueza da floresta, da fauna, da água doce. O Brasil precisa olhar a Amazônia com um carinho um pouco maior. E fazer o mundo entender a Amazônia com esse carinho", afirmou o presidente. "É por isso que vamos fazer a COP lá.

Para Lula, a equação exige criar condições para que os moradores da região tenham acesso à educação e saúde em um contexto que alinhe desenvolvimento e preservação. "A Amazônia não é um santuário da humanidade. Lá tem gente que quer trabalhar, viver, ter acesso a bens materiais, ter uma casa, um televisor, uma geladeira, um carrinho. Precisamos criar condições para que as pessoas tenham tudo isso, além de uma boa qualidade educacional e uma boa qualidade da medicina. Se a gente fizer isso, a Amazônia estará preservada e muito ligada ao Brasil", prosseguiu Lula.

Confira alguns dos principais pontos da entrevista

CCPI AMAZÔNIA - É muito importante esse centro que vai ser criado na Amazônia, o Centro de Cooperação Policial de combate ao narcotráfico em Manaus. Vamos criar uma polícia preparada. Vai trabalhar com policiais de todos os estados amazônicos e com todos os países amazônicos da América do Sul, para que a gente possa fazer uma luta dura contra o garimpo ilegal, contra os madeireiros ilegais, contra o tráfico de armas, tráfico de drogas, contra o crime organizado.

COMBATE AO CRIME ORGANIZADO - Nós temos que tratar o crime organizado como uma indústria multinacional. Está em tudo quanto é lugar. Está no futebol, na justiça, na política, em todas as instituições. Você veja que fizemos uma operação, a maior da história do Brasil já feita contra o narcotráfico, e fomos chegar aonde? Na Faria Lima. Nós fomos chegar nas Fintechs. Fomos chegar nas empresas de jogos. Tem muita gente envolvida. E é por isso que estamos montando um centro de investigação na Amazônia, para que a gente possa, numa combinação com os outros países e com os nossos governadores, ser mais agressivo no combate ao narcotráfico, com relação ao tráfico de armas, para proteger a floresta. Não vai cortar madeira quem não tiver autorização e não vai garimpar quem não tiver autorização. Esse país tem lei e as pessoas vão ter que aprender a respeitar. Se o Estado estiver ausente, ninguém respeita.

NORTE CONECTADO - A Infovia vai ser uma revolução digital para a região amazônica. A gente vai fazer com que todos os estados estejam digitalmente conectados para que possam ter lá comunicação de primeira linha, sem dever nada a nenhuma outra parte do mundo. Porque hoje, sem a comunicação, você não consegue fazer desenvolvimento, não consegue crescer economicamente, não consegue crescer do ponto de vista educacional.

Lula: 'A Amazônia não é um santuário da humanidade. Lá tem gente que quer trabalhar, viver, ter acesso a bens materiais, ter uma casa, um televisor, uma geladeira, um carrinho. Precisamos criar condições para que as pessoas tenham tudo isso, além de uma boa qualidade educacional e uma boa qualidade da medicina. Se a gente fizer isso, a Amazônia estará preservada e muito ligada ao Brasil'. Foto: Ricardo Stuckert / PR

COP 30 - Eu resolvi fazer a COP em Belém porque é preciso fazer a COP no coração da Amazônia, com as facilidades e dificuldades que a Amazônia apresenta. Eu conheço a infraestrutura de Belém. Eu sei da dificuldade, da falta de leito, mas estamos fazendo um esforço incomensurável. Só do Governo Federal tem mais de 6 bilhões de reais investidos na questão de saneamento básico e infraestrutura. O Governo Federal agilizou a contratação de dois navios, com quase 3 mil habitações. É uma COP feita no Brasil, no Pará, na cidade de Belém. Não é um desfile em que as pessoas vão querer comprar coisas. Não, a gente quer mostrar a Amazônia, para as pessoas saberem que na Amazônia moram 30 milhões de pessoas, que embaixo de cada árvore que a gente quer preservar tem um seringueiro, um pescador, um pequeno trabalhador rural, um indígena, e que essa gente precisa que os países ricos paguem a conta para que a gente possa mantê-los tomando conta da floresta. Estou muito tranquilo.

COP DA VERDADE - Não é uma feira, uma exposição de produtos climáticos. É uma reunião para se discutir a verdade. Queremos saber se os chefes de Estado que vão comparecer acreditam na ciência ou não. Se querem tomar posições para que a gente estabeleça, inclusive, uma governança climática ou não. Se vão querer criar um fundo para que a gente possa manter as florestas em pé. Vai ser a COP da verdade. As pessoas vão adorar Belém, adorar a Amazônia e adorar o Brasil. É isso que eu quero.

PETRÓLEO NA COSTA DO AMAPÁ - A Petrobras é uma empresa que tem a mais importante experiência de prospecção de petróleo em águas profundas e nunca teve incidente. Queremos preservar a Amazônia não como uma coisa intocável, mas que seja explorada, no mar ou em terra, da forma mais responsável. Sabemos o que representa o cuidado com a Amazônia. Então, vamos explorar o petróleo. O que estamos é cumprindo etapas. A Petrobras já fez o teste, o Ibama deve estar satisfeito com o resultado da pesquisa, e o Ibama agora vai dar a licença para a gente fazer a primeira experiência. É importante para o Brasil e para a Amazônia. Uma das coisas que as pessoas que são contra combustível fóssil têm que entender é que precisamos utilizar o potencial de combustível fóssil para fazer a revolução na transição energética. A energia solar, a eólica, a biomassa. Temos que utilizar o hidrogênio verde, mas para tudo isso precisamos de dinheiro. E o combustível fóssil do petróleo pode ser o dinheiro que falta para a gente fazer a revolução na nossa transição energética. Nós temos que ter um equilíbrio entre necessidade de preservação e necessidade de fazer a prospecção correta.

BR-319 - A BR-319 precisa ser feita. É uma briga eterna. Estamos discutindo com seriedade. Eu penso que este mês vai ter um acordo definitivo. É importante que a gente assuma a responsabilidade, enquanto Governo Federal, enquanto governo estadual, para cuidar da Amazônia. A gente não pode fazer a rodovia e dois meses depois estar o desmatamento, o grileiro, criação de gado onde não pode, plantação de soja onde não pode. Temos que fazer as coisas com responsabilidade.

AMAZÔNIA E TARIFAS DOS EUA - Nenhum pequeno produtor de açaí, de mel, de castanha será prejudicado. Já criamos um fundo para ajudar a financiar aqueles que possivelmente tenham problemas. Na semana do tarifaço, eu estava numa visita ao Acre e fui visitar uma cooperativa de castanha do Brasil. Tudo aquilo que os Estados Unidos iam comprar, equivalente a US$ 9 milhões, a Europa comprou. Quanto mais castanha, quanto mais açaí, quanto mais suco de cupuaçu, graviola sobrar, mais o mundo vai aprender a comer. E temos uma rede de alimentação escolar grande. Se for necessário, o governo assume a responsabilidade de não permitir que os pequenos e médios produtores sofram com a irresponsabilidade da taxação sobre esses produtos.

APOIO AO POVO YANOMAMI - Montamos uma estrutura profissional com representação do Governo Federal em todas as áreas para que a gente possa definitivamente dar aos Yanomami a cidadania que merecem. Estarei visitando agora Roraima outra vez e vou no coração da selva amazônica, quase 600 quilômetros floresta adentro, para ver como é que eles estão vivendo. Vamos inaugurar um hospital e já acabamos com 98% do garimpo. Todas aquelas pessoas que eram possíveis de serem salvas por falta de atendimento médico foram salvas, mas ainda tem muita coisa a fazer. O povo, sinceramente, era quase abandonado. Melhorou, eu diria, uns 60%, 70%. Nós precisamos plantar coisas para eles comerem, tratar da água bem limpa, estamos resolvendo com filtro e com cisterna. Mas é importante que a gente crie condições para eles sobreviverem dignamente. Eu vou lá no coração da selva, onde nunca um presidente da República colocou os pés. Quero colocar os pés. Porque eles são brasileiros e merecem ser tratados com respeito.

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