11/05/2025 | Press release | Distributed by Public on 11/05/2025 11:48
Brasília, 5 de novembro de 2025 - A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) está presente no 60º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MEDTROP 2025), que reúne pesquisadores, profissionais de saúde e estudantes de todo o país. Na segunda-feira (3/11), o diretor da OPAS, Jarbas Barbosa, participou de uma Conferência com o tema "Desafios e perspectivas da saúde nas Américas", moderada pela coordenadora de Eliminação, Prevenção e Controle de Doenças Transmissíveis e Determinantes da Saúde do escritório da OPAS e da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Brasil, Maria Jesus Sanchez.
Na Conferência, Jarbas Barbosa destacou a influência crescente das mudanças climáticas na propagação das doenças tropicais e os esforços da Região para alcançar a eliminação de enfermidades transmissíveis. "A mudança climática tornou-se um fator determinante na epidemiologia das doenças infecciosas e na forma como concebemos a prevenção, a vigilância e a resposta em saúde pública", afirmou Barbosa.
Segundo o diretor, as mudanças no clima já impactam a vida de milhões de pessoas nas Américas. O aumento das temperaturas, as secas, as inundações e as chuvas irregulares alteram o ambiente dos mosquitos, a qualidade da água e a produção de alimentos. Em 2024, a Região registrou mais de 13 milhões de casos de dengue e 8 mil mortes, o maior número já observado.
Outras doenças também têm apresentado mudanças importantes. A malária registrou 537 mil casos em 2024, com 75% concentrados no Brasil, Colômbia e Venezuela. O Haiti apresentou um aumento de mais de 150% em relação ao ano anterior. Já a leishmaniose, apesar de reduzir em mais de 50% sua incidência nas últimas duas décadas, expandiu-se para novas áreas e alcançou uma letalidade de 10% leishmaniose visceral.
Diante desse cenário, Jarbas Barbosa destacou que a mudança climática "não é apenas uma crise ambiental, mas também uma crise sanitária e social", exigindo ações conjuntas que integrem vigilância epidemiológica, inovação tecnológica e fortalecimento dos sistemas de saúde.
O diretor ressaltou avanços notáveis na eliminação de doenças nas Américas. Entre os marcos recentes estão a eliminação da filariose linfática como problema de saúde pública no Brasil e a revalidação do país como livre do sarampo, permitindo que a Região retomasse sua condição de única no mundo sem sarampo endêmico.
Outro destaque foi o certificado concedido ao Suriname, em 2025, como primeiro país amazônico livre de malária. Além disso, Brasil e Barbados apresentaram pedidos de validação da eliminação da transmissão materno infantil do HIV, enquanto o Chile iniciou processos de verificação para eliminar a hanseníase e a raiva humana transmitida por cães.
Entre os principais desafios, o diretor mencionou a tuberculose, responsável por cerca de 35 mil mortes em 2023, e o HIV, que ainda apresenta aumento de novas infecções apesar da redução das mortes. A resistência aos antimicrobianos e as hepatites virais também permanecem como ameaças importantes à saúde pública na Região.
Encerrando sua participação, Jarbas Barbosa reforçou que o caminho até 2030 requer "compromisso político, financiamento sustentável e inovação", além da cooperação entre países e da participação comunitária.
Mesa de abertura
No domingo (2/11), a coordenadora de Eliminação, Prevenção e Controle de Doenças Transmissíveis e Determinantes da Saúde do escritório da OPAS e da OMS no Brasil, Maria Jesus Sanchez, participou da solenidade de abertura do 60º MedTrop 2025. Na oportunidade, chamou atenção para a estreita relação entre a Iniciativa de Eliminação de Doenças Transmissíveis da OPAS, o Programa Brasil Saudável, do Ministério da Saúde, e o tema do MedTrop 2025 porque "eliminar doenças evitáveis significa também eliminar desigualdades e reduzir os efeitos das mudanças climáticas sobre a saúde".
Também destacou que o diálogo entre ciência, política e ação local que o MedTrop promove é o tipo de contribuição que o mundo precisa levar para a COP 30, que será realizada em Belém do Pará. "A conferência representa uma oportunidade histórica para reforçar o papel da saúde como eixo central da agenda climática, porque as mudanças climáticas são, antes de tudo, uma questão de saúde pública".
O MedTrop destaca a importância da medicina tropical, que estuda doenças comuns em regiões de clima quente e úmido, e reforça o papel do Brasil na vigilância epidemiológica, na pesquisa e no desenvolvimento de estratégias de prevenção e controle de doenças infecciosas. O evento segue até 5 de novembro, com debates que visam fortalecer o conhecimento científico e a capacidade de resposta do país frente aos desafios da saúde global.