RSF - Reporters sans frontières

10/27/2025 | Press release | Archived content

30 jornalistas que representam a luta pela informação livre sobre o meio ambiente

Do Camboja à Amazônia, passando pela França ou pelo Egito, os jornalistas que abordam assuntos relacionados aos recursos naturais, sua exploração ou sua proteção, são regularmente impedidos de realizar o seu trabalho, são ameaçados, detidos, atacados, até mesmo presos ou mortos. A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) destaca 30 profissionais da informação que foram vítimas desses ataques nos últimos 12 meses por cobrir questões ambientais. Com a abertura da COP 30 em 10 de novembro em Belém, a RSF apela aos Estados membros para que tornem a defesa da informação confiável e dos jornalistas um eixo fundamental na luta contra as mudanças climáticas.

30 jornalistas foram cerceados em todo o mundo por causa de seu trabalho sobre questões ambientais

Exploração ilegal de terras, garimpo, desmatamento ou poluição… Muitos jornalistas investigam e relatam assuntos graves relacionados ao meio ambiente, aos recursos naturais e sua gestão ao redor do mundo. Como tal, são regularmente impedidos de informar, ameaçados ou atacados. Em uma década, cerca de 30 jornalistas que trabalhavam com esses temas foram mortos, segundo dados da RSF: na Índia, porque abordavam a "máfia da areia", ou na Amazônia, enquanto cobriam o desmatamento. Outros são impedidos de entrar em um país porque estão interessados em investigar essas questões, enquanto outros ainda são atacados ao cobrirem manifestações contra as mudanças climáticas. A prisão arbitrária também continua sendo uma das maiores ameaças a esses profissionais. À medida que a COP 30 se aproxima, e em resposta a esse problema internacional, a RSF destaca 30 casos de jornalistas importantes que tiveram sua cobertura de questões ambientais prejudicada, de alguma forma, em 2025.

"O Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, lançou um apelo, há alguns dias, para lutar contra a desinformação climática. A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) reitera que, para isso, é preciso tornar a proteção da informação confiável uma prioridade na luta contra as mudanças climáticas. Estejam eles na Ucrânia, no Camboja, em Gana ou no Brasil, os jornalistas que investigam temáticas ambientais enfrentam cotidianamente censura, ameaças e, às vezes, a morte. Essas vozes corajosas, portadoras de informações confiáveis, são indispensáveis para denunciar os casos de poluição, desmatamento, desapropriação ilegal, ou ainda destruição causada por mineração. São elas que, apesar das intimidações e da violência, permitem que o mundo conheça a verdade sobre a crise climática. A alguns dias da abertura da COP 30, é ainda mais urgente que os Estados se comprometam com a integridade da informação e com a proteção dos jornalistas.

Anne Bocandé
Diretora Editorial da RSF

África

  • Norbert Rucabihari - Burundi

Temas abordados: gestão de resíduos

Tipos de abuso:prisão arbitrária e ameaças

Jornalista atuante no veículo Buja 24e na agência de notícias Net Press,onde aborda tópicos relacionados à governança e ao discurso público, Norbert Rucabihari foi brutalmente preso em 3 de abril por quatro policiais enquanto tirava fotos em uma ponte em Bujumbura para uma reportagem sobre resíduos no Lago Tanganica. Ele hoje teme por sua segurança porque os Imbonerakure (movimento político de jovens filiados ao partido no poder no Burundi, classificado como milícia pela ONU) prometeram "corrigi-lo".

  • Akwasi Agyei Annim - Gana

Temas abordados: mineração de ouro

Tipos de abuso: violência, impedir filmagens

O correspondente dos canais de televisão Channel One TVe Citi FMna região ocidental do país, Akwasi Agyei Annim, bem como os jornalistas Henry Fynn Emil e Jacob Adu-Baah, trabalhando respectivamente para Angel TVe ABC News, foram agredidose impedidos de filmar uma atividade ilegal de mineraçãono distrito de Wassa Amenfi West, no dia 21 de fevereiro de 2025.

  • Erastus Asare Donkor - Gana

Temas abordados: destruição de terras agrícolas, poluição da água

Tipos de abuso: violência, confisco de equipamentos

Erastus Asare Donkor, renomado jornalista e premiadopelos seus artigos contra a mineração ilegal e a degradação ambiental, foi atacado violentamente, no dia 20 de outubro de 2024, com colegas, enquanto investigavam a destruição de terras agrícolas e a poluição da água pela empresa de mineração Edelmetallum Mining Resources Limited, em Asumenya, na região de Ashanti, no sul do país. A equipe de jornalistas da Multimedia Group Limited foi forçada a entrar em seu veículo por mais de dez homens armados, sendo escoltados até uma área florestal isolada. Em seguida, foram agredidos e seus equipamentos foram confiscados. Para sua segurança, ele foi forçado a deixar Gana antes das eleições de 2024.

  • Francis Ramanantsoa Mahasampo - Madagascar

Temas abordados: mineração ilegal

Tipos de abuso: intimidação pública

Correspondente do Midi Madagasikarabaseado em Toliara, no sudoeste do país, Francis Ramanantsoa Mahasampo é conhecido por suas reportagens sobre conflitos sociais, protestos e questões de mineração no sul do país. Mas depois de reportagens ao vivo sobre uma manifestação contra a controversa abertura de uma operação de mineração na Base de Toliara, ele foi ameaçado pela prefeitura.

  • Alain Bashizi - República Democrática do Congo (RDC)

Temas abordados:crimes ambientais, fluxos financeiros ilícitos, mineração

Tipos de abuso: ameaças de morte

Fundador da rádio Gorilla FM, Alain Bashizi cobre casos de crime ambiental.Nos últimos anos, tem se concentrado em cobrir fluxos financeiros ilícitos e tráfico transnacional que ajudaram a consolidar a rebelião do M23. O jornalista publicou vários artigos sobre a dependência dos combustíveis fósseis, os "conflitos verdes" relacionados com a mineração e as estratégias de conservação sustentáveis no Kivu do Sul, no Mondoblogda Radio France internationale(RFI) e da Africa Nouvelle Génération. O jornalista, vítima de inúmeras ameaças do M23, teve que fugir da RDC.

América Latina

  • Marcos Wesley - Brasil

Temas abordados: desmatamento, mineração ilegal

Tipos de abuso: ameaças, intimidação, cyberbullying

Cofundador e coordenador do veículo Tapajós de Fato,criado em 2020 em Santarém (PA), Marcos Wesley foi forçado a se mudar para Belém, para proteger sua família das ameaças que não paravam de receber. Seu veículo de comunicação transmite depoimentos e investigações sobre questões ambientais, os direitos das comunidades locais diante do desmatamento, da mineração ilegal e outras ameaças socioecológicas, e é regularmente confrontado com diversas ameaças.

  • Kátia Brasil - Brasil

Temas abordados:desmatamento, mineração ilegal, grilagem de terras, violações dos direitos dos povos indígenas

Tipos de abuso:ameaças, intimidações, campanhas de estigmatização, tentativas de criminalização

Kátia Brasil é uma jornalista brasileira, cofundadora da agência Amazônia Real,principal veículo de comunicação independente cuja linha editorial é focada na defesa da Amazônia e de seus habitantes. Revelou as consequências do desmatamento, da mineração ilegal, da grilagem de terras e das violações de direitos dos povos indígenas e comunidades tradicionais. Tem sido alvo de ameaças, intimidações e campanhas de estigmatização que visam dificultar seu trabalho jornalístico.

  • Eliane Brum, Sumaúma - Brasil

Temas abordados:direitos humanos, desmatamento, mineração ilegal, crise climática na Amazônia, defesa dos povos indígenas e comunidades locais.

Tipos de abuso:ameaças, ataques verbais, campanhas de descrédito, pressão política e econômica

Figura importante do jornalismo investigativo, Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista brasileira, dirige Sumaúma, um meio de comunicação independente sediado na Amazônia, que ela cofundou para dar voz aos povos indígenas. Suas investigações denunciam desmatamento, mineração ilegal e ameaças contra defensores da floresta. Na linha de frente, enfrentando poderosos interesses políticos e econômicos, sofre regularmente ataques e pressões.

  • Matías Rojas - Chile

Temas abordados:corrupção local, desmatamento, mineração ilegal

Tipos de abuso:ameaças, intimidação, campanhas de difamação, ataque incendiário ao seu veículo

Jornalista da região de Maule, especializado em investigações sobre corrupção local e conflitos socioambientais ligados à extração de cascalho, Matias Rojas foi vítima de um atentado em 12 de abril de 2025: seu veículo foi incendiado em frente à sua casa após receber ameaças relacionadas ao seu trabalho jornalístico. Ele atribui o ataque às denúncias que fez sobre irregularidades municipais e danos ao meio ambiente. O Ministério Público está conduzindo uma investigação envolvendo autoridades locais e empresários do setor.

  • Jaime Vasquez - Colômbia

Temas abordados: acesso à água, corrupção

Tipo de abuso: assassinato

Apesar de viver sob escolta policial desde 2022, o jornalista Jaime Vasquez foi morto a tiros na cidade fronteiriça venezuelana de Cúcuta em 2024. Em sua página do Facebook, com mais de 72 mil seguidores, denunciou desvios de verbas públicas e abordou questões sociais como acesso à água e assistência médica. Trazendo perspicácia jurídica para seus comentários incisivos, ele já havia sido intimidado por membros do conselho municipal de Cúcuta. Um deles já havia tentado agredi-lo fisicamenteem 2022.

  • Franklin Vega - Equador

Temas abordados:biodiversidade, desmatamento, impactos da exploração de petróleo e mineração, conflitos socioambientais na Amazônia equatoriana.

Tipos de abuso:ameaças telefônicas, intimidação por parte de autoridades, acusações públicas infundadas, campanhas de estigmatização.

Franklin Vega, jornalista ambiental equatoriano e fundador da Bitacora Ambiental, investiga sobre biodiversidade, desmatamento e conflitos socioambientais. Em maio de 2024, relatou ameaças recebidas de um funcionário do Parque Nacional Yasuni após reportagens críticas. Em setembro, foi acusado publicamente, sem provas, de ter causado incêndios florestais. Apesar desses ataques, o jornalista continua seu trabalho investigativo.

  • Carolina Amaya - El Salvador

Temas abordados: extração de recursos naturais, proteção de populações indígenas

Tipo de abuso: ameaças, processos judiciais

Desde a criação em fevereiro de 2022 da mídia online MalaYerba, sua diretora, Carolina Amaya, e sua equipe são regularmente ameaçadas por seus artigos sobre conflitos relacionados à terra e aos recursos naturais, sobre a defesa das comunidades e sobre corrupção. A jornalista Carolina Amaya também foi alvo de processos judiciais após a publicação de um de seus artigos, ataques que atingiram até mesmo seu pai em 2023, após ela publicar um artigo que vinculava o entorno próximo de Nayib Bukele à destruição de um ecossistema.

  • Carlos Ernesto Choc - Guatemala

Temas abordados:extração de níquel (mina Fénix), poluição e danos ambientais, direitos dos povos indígenas, conflitos socioterritoriais

Tipos de abuso:criminalização judicial, processos infundados, deslocamento forçado de casa

Carlos Ernesto Choc Chub, jornalista comunitário q'eqchi do veículo Prensa Comunitariana Guatemala, documenta violações de direitos humanos e danos ambientais ligados à mina de níquel Fénix em El Estor. Desde 2017, está sob constante ataque: processos judiciais, acusações forjadas e ameaças diretas por cobrir a resistência da comunidade.

  • Manuel Calloquispe - Peru

Temas abordados: mineração ilegal de ouro na Amazônia, máfias da mineração

Tipo de abuso: ameaças de morte, assédio, agressões

Jornalista peruano radicado em Madre de Dios, Manuel Calloquispeé especializado há mais de dez anos na cobertura de mineração ilegal de ouro na Amazônia, especialmente na área de La Pampa. Escritor freelancer para vários meios de comunicação, como Inforegión, El Comercioe Latina TV, ele investiga as atividades das máfias de mineração e seus efeitos no meio ambiente e nas comunidades locais. Em agosto de 2025, recebeu ameaças de mortevisando sua família, diretamente ligadas às suas investigações, o que levou o Ministério do Interior a instituir proteção policial. Há anos, sofre assédio constante: agressões físicas, invasões domiciliares, roubos de equipamentos e campanhas de difamação orquestradas por redes criminosas

Ásia

  • Uk Mao - Camboja

Temas abordados:desmatamento ilegal

Tipo de abuso:assédio judicial, prisão arbitrária

O jornalista ambiental cambojano Uk Mao, do veículo Eagle News, foi detidoarbitrariamente em 16 de maio de 2025, enquanto investigava um caso de desmatamento ilegal com dois colegas. Essa prisão faz parte de uma campanha de perseguição judicialcontra ele pelas autoridades cambojanas: ele foi alvo de 14 queixas, a maioria relacionada às suas reportagens.

  • Gerald Flynn - Camboja

Temas abordados: desmatamento, destruição de florestas protegidas

Tipos de abuso:proibição de entrada

O jornalista ambiental britânico Gerald Flynn teve recusada, em 5 de janeiro de 2025, a sua entrada no aeroporto de Siem Reap, Camboja, depois de ser colocado em uma "lista negra". Três dias antes, ele havia aparecido em uma reportagem do canal France 24 sobre a destruição de florestas protegidas, o que foi descrito como "notícias falsas" pelo Ministério do Meio Ambiente. Vários ativistas entrevistados foram presos e depois liberados sob condição de não colaborarem mais com a mídia estrangeira. Baseado no Camboja desde 2019, Gerald Flynn trabalha para o veículo independente Mongabaye preside o Clube de Imprensa Estrangeira do país (OPCC).

  • Chhoeung Chheng - Camboja

Temas abordados:desmatamento ilegal

Tipos de abuso: assassinato

Ao investigar um caso de desmatamento ilegal na Reserva Natural de Boeung Per, o jornalista do veículo online Kampuchea Aphivath, Chhoeung Chheng, 63, foi gravemente ferido por um tiro no abdômen. Ele morreudois dias depois, em 7 de dezembro de 2024, em um hospital em Siem Reap, no noroeste do Camboja. O assassino foi condenado.

  • Deo Montesclaros - Filipinas

Temas abordados:direitos humanos, mineração

Tipo de abuso:assédio, investigação judicial, red-tagging

Há vários anos, o repórter multimídia Deo Montesclarosenfrenta assédio judicial por parte das autoridades filipinas por causa de suas reportagens sobre violações de direitos humanos por grandes empresas de mineração próximas ao governo do ex-presidente Rodrigo Duterte. Foi acusado de conluio com grupos armados comunistas, sem qualquer prova - acusações típicas do "red-tagging", estratégia de rotular jornalistas que investigam assuntos considerados sensíveis pelo Estado como "subversivos" ou "terroristas". Em 2021, foi vítima de uma tentativa de sequestro, pela qual culpa as autoridades. Em janeiro de 2025, foi intimado pela polícia sob a acusação de financiamento do terrorismo, o que pode resultar em uma pena máxima de 12 anos de prisão.

  • Sneha Barve - Índia

Temas abordados:obras ilegais, conluio com grandes empresas

Tipo de abuso:intimidação, ameaças de morte, agressões

Sneha Barve investiga há vários anos a exploração ilegal de recursos naturais e as ligações entre políticos e industriais, o que já lhe valeu ameaças e agressões.Em julho de 2024, um ex-deputado ameaçou matá-la - e, embora a jornalista tenha apresentado queixa, nada foi feito. Em fevereiro de 2025, ela foi atacada em frente ao seu escritório. Em 4 de julho de 2025, em Manchar (estado de Maharashtra), enquanto documentava uma construção ilegal no leito de um rio, o jornalista foi cercado por cerca de dez homens liderados pelo empreiteiro Padurang Morde, que a espancaram violentamente no rosto e nas costas com traves de madeira.

  • Sumit Jha - Índia

Temas abordados: desmatamento

Tipo de abuso:prisão

Correspondente do veículo South First, o jornalista Sumit Jha cobre tópicos relacionados à saúde, incluindo aqueles relacionados ao meio ambiente. Durante protestos contra a limpeza de terras florestais no campus da Universidade de Hyderabad, o jornalista foi preso pela polícia no dia 30 de março de 2025. Apesar de ter um cartão de imprensa, seu telefone foi confiscado e ele foi levado em uma viatura policial por um longo período antes de ser conduzido à delegacia de Kollur, onde foi liberado.

  • Muhammad Rifky Juliana - Indonésia

Temas abordados: poluição industrial

Tipo de abuso:ataque físico

O repórter do veículo regional Tribun Banten,Muhammad Rifky Juliana, é um dos oito jornalistas atacados em 21 de agosto de 2025durante a inspeção do Ministério do Meio Ambiente na planta de fundição de chumbo da PT Genesis Regeneration em Serang, Java. Enquanto cobria a operação com outros colegas, ele foi violentamente atacado com facas por agentes de segurança e policiais uniformizados. Ferido na cabeça, precisou ser hospitalizado.

  • Shanmugam Thavaseelan - Sri Lanka

Temas abordados:mineração ilegal de areia

Tipo de abuso:intimidação, ameaças de morte, agressões

O jornalista tâmil Shanmugam Thavaseelan, ex-presidente da Mullaitivu Media Society, foi agredido e ameaçado de morte enquanto investigava a mineração ilegal de areia em Mullaitivu, cidade costeira no norte do Sri Lanka. No dia 15 de fevereiro de 2025, próximo a Mankulam, ele foi interceptado por dois homens que tentaram levar seu telefone e sua carteira de identidade, ele conseguiu alertar a polícia. Os agressores então fugiram ameaçando matá-lo. As autoridades confirmaram a ilegalidade das extrações em vários locais da região. Dois suspeitos foram presos logo depois.

  • Nguyen Van Hoa - Vietnã

Temas abordados: poluição, água contaminada

Tipos de abuso: detenção arbitrária, violência

O jornalista da Radio Free Asia(RFA), Nguyen Van Hoa, documentou em 2017 os protestos contra o escândalo de poluição causado pela fábrica taiwanesa Formosa, responsável pela contaminação maciça das águas vietnamitas e pela destruição do sustento de milhares de pescadores. Por essa cobertura, ele foi condenado a sete anos de prisão e três anos de prisão domiciliar por "propaganda contra o Estado". Desde sua libertação em janeiro de 2024, está em prisão domiciliar. Enquanto estava detido, sofreu inúmeros atos de violência.

Europa

  • Venelina Popova - Bulgária

Temas abordados: indústria, construção, gestão de resíduos

Tipos de abuso: condenação financeira, obstrução do direito à informação

Em julho de 2025, a jornalista búlgara Venelina Popova foi condenada a pagar mais de € 500 em custas judiciais por solicitar documentos sobre um projeto de incinerador da EDF, de acordo com a Lei de Liberdade de Informação. O prefeito de Galabovo, cidade na região centro-sul do país, recusou-se a entregá-los, e o tribunal administrativo manteve essa recusa, impondo-lhe custas incomuns. Esta decisão marca um preocupante retrocesso no direito de acesso à informação sobre uma questão ambiental de interesse público.

  • Marian Koren - Eslováquia

Temas abordados: agricultura, resíduos, poluição, seca, biodiversidade

Tipo de abuso:obstrução do direito à informação

Entre abril de 2024 e setembro de 2025, Marian Koren e seus colegas da EURACTIV Eslováquia enviaram 20 perguntas de interesse público aos Ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura, sem receber nenhuma resposta, embora a lei eslovaca garanta acesso à informação pública para jornalistas e cidadãos. Essa recusa reiterada, em relação a grandes questões ambientais e agrícolas, dificulta o trabalho da imprensa e constitui um atentado ao direito de acesso à informação e à transparência pública.

  • Inès Léraud - França

Temas abordados: indústria alimentícia, poluição por algas verdes

Tipos de abuso:processos de difamação instrumentalizados, invasões de domicílio, ameaças de morte, assédio em redes sociais

A jornalista freelance francesa Inès Léraud foi vítima de inúmeras pressões, assédio online, tentativas de desacreditá-la e vários processos por difamação, após suas investigações sobre a agroindústria na Bretanha, algas verdes, saúde pública e sistemas locais de corrupção. Ela é autora de Algues vertes, l'histoire interdite (Algas verdes, a história proibida),uma história em quadrinhos resultante de três anos de investigação aprofundada e cofundadora do veículo investigativo Splann!.

  • Lena Mudra - Ucrânia

Temas abordados: energias renováveis, obras de parques eólicos

Tipo de abuso:assédio online

Jornalista na Transcarpácia, região no oeste da Ucrânia que faz fronteira com Eslováquia, Hungria e Polônia, Olena Mudra foi alvo de uma campanha de difamação online e de tentativas de cyberpirataria em julho de 2025 após investigar um projeto polêmico de parque eólico nos Cárpatos.

Oriente Médio

  • Nada Arafat - Egito

Temas abordados: megaprojetos, recursos hídricos do Nilo

Tipos de entraves:bloqueio relacionado a autorizações para relatórios de campo e coleta de dados

A jornalista cobre questões ambientais para o site de notícias independente Mada Masrhá, com sede no Cairo, há quase seis anos. Embora sejam necessárias autorizações oficiais para entrar na maioria das áreas desérticas do país, muitas vezes há dificuldades, ou até mesmo impossibilidade, de acesso. Esse é o caso de certos projetos estatais de grande escala, como o desvio do Rio Nilo para construir e cultivar no deserto. Esses projetos podem ser liderados pelos militares ou por poderosos empresários egípcios ou do Golfo. As barreiras de permissão impedem a coleta de certos dados ou o acesso a fontes diretas. Além disso, o site de notícias que a emprega e seus jornalistas foram alvos das autoridades diversas vezes nos últimos dez anos.

  • Zeina Shahla - Síria

Temas abordados: seca, monopólio dos recursos naturais

Tipos de abuso: autocensura por razões de segurança

Com a eclosão da revolução na Síria em 2011, a jornalista Zeina Shahla passou a cobrir questões humanitárias, sociais e, a partir de 2022, temas ambientais. Ela participou, este ano, da criação da seção de meio ambiente do site de notícias independente Raseef22, sediado no vizinho Líbano. Ao mesmo tempo, ela faz reportagens sobre a seca que afeta os agricultores sírios e a corrupção na gestão dos recursos naturais. No governo de Bashar al-Assad, suas investigações sobre a apropriação de água pelas autoridades sírias a forçaram a adotar um pseudônimo e se autocensurar por medo de represálias.

  • O diário Sözcü - Turquia

Temas abordados: Projetos de desmatamento, mineração de ouro

Tipo de abuso:assédio judicial

Em Março de 2025, Mehmet Cengiz, chefe do grupo próximo ao Presidente Erdogan, abriu um processo contra 26 jornalistas e membros da redacção do diário republicano Sözcü, queixando-se de 174 artigos e editoriais publicados entre outubro de 2024 e fevereiro de 2025. O jornal havia criticado o nepotismo do governo e os projetos de mineração da Cengiz Holding, acusados de ameaçar um milhão de árvores e terras agrícolas. Os jornalistas estão sendo processados por "incitação ao ódio", "desobediência à lei", "insulto" e "divulgação de informações enganosas". Entre os acusados estão os colunistas Deniz Zeyrek, Necati Dogru, Saygi Ozturk, Emin Ozgonul, além de vários repórteres e responsáveis pelo site sozcu.com.tr. Eles podem pegar de 1 a 17,5 anos de prisão. No início de setembro de 2025, um juiz ordenou a censura de pelo menos 15 artigos publicados entre abril e agosto. Ele julgou os conteúdos "suscetíveis de comprometer a segurança nacional e a ordem pública".

Publicado em27.10.2025
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