09/22/2025 | Press release | Distributed by Public on 09/23/2025 06:12
Durante entrevista ao jornal PBS NewsHour, da rede de televisão estadunidense PBS, nesta segunda-feira (22/9), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou a abertura do Governo do Brasil para negociar as tarifas impostas de forma unilateral pelo governo dos Estados Unidos. "Uma mesa de negociação não custa nada", reforçou Lula, que está em Nova York para a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU). Como é tradição desde 1955, o Brasil será o primeiro Estado-membro a discursar na abertura do Debate Geral, nesta terça-feira (23).
"Um chefe de Estado precisa ter uma relação com outro chefe de Estado, independentemente de sua posição política. Estes são dois Estados importantes, as maiores democracias da América, as maiores economias da América. Então, é muito importante para nós termos uma relação muito civilizada"
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Presidente da República
Lula pontuou que, nos últimos 15 anos, os Estados Unidos registraram um superávit de US$ 410 bilhões nas relações comerciais com o Brasil, o que indica que a taxação não se justifica do ponto de vista comercial. "Toda vez que tentamos falar sobre comércio com alguém dos Estados Unidos, ele diz: 'Isso não é comigo. Não, isso não é uma questão comercial. Esta é uma questão política'. Portanto, no momento em que o presidente [Donald] Trump quiser falar de política, eu também converso sobre política", disse.
"Queremos ter relações de igualdade com todos. Mas o que não aceitamos é que ninguém, nenhum país do mundo interfira na nossa democracia e na nossa soberania", completou Lula.
PLANO - Em agosto, o governo brasileiro lançou o Plano Brasil Soberano - conjunto inicial de medidas em resposta à elevação unilateral, em 50%, das tarifas sobre produtos nacionais exportados para os Estados Unidos. O Plano é composto por ações separadas em três eixos: fortalecimento do setor produtivo; proteção aos trabalhadores; e diplomacia comercial e multilateralismo.
As medidas direcionam R$ 30 bilhões do Fundo Garantidor de Exportações (FGE) para crédito com taxas acessíveis, além de ampliar as linhas de financiamento às exportações; prorrogar a suspensão de tributos para empresas exportadoras; aumentar o percentual de restituição de tributos federais, via Reintegra; e facilitar a compra de gêneros alimentícios por órgãos públicos.
COMPROMISSOS - Lula vai participar de uma série de agendas estratégicas nesta semana, em Nova York. À margem do Debate Geral, aproveitando a presença dos líderes mundiais, Lula manterá encontros com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e com chefes de Estado e de governo de outras nações.
Nesta segunda-feira (22), o presidente esteve na segunda sessão da Conferência Internacional de Alto Nível para a Resolução Pacífica da Questão Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, convocada por França e Arábia Saudita. No encontro, defendeu que o único caminho para a paz e a estabilidade no Oriente Médio passa pela implementação dessa solução. "Tanto Israel quanto a Palestina têm o direito de existir", declarou Lula.
FUNDO FLORESTAS - Nesta terça-feira (23), o presidente participará da reunião sobre o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), iniciativa brasileira que propõe um modelo inovador de financiamento para a conservação das florestas tropicais. O fundo será oficialmente lançado durante a COP30, agendada para novembro, em Belém (PA).
AÇÃO CLIMÁTICA - Na quarta-feira (24), juntamente com o secretário-geral da ONU, Lula participará do evento de alto nível sobre ação climática, voltado a impulsionar a mobilização internacional e estimular a apresentação de novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) rumo à COP30.
DEMOCRACIA - Também na quarta, ele copresidirá, ao lado do presidente do Chile, Gabriel Boric, e do presidente do Governo da Espanha, Pedro Sánchez, a segunda edição do evento "Em Defesa da Democracia". A iniciativa reúne líderes de todas as regiões do mundo para fortalecer o multilateralismo, o Estado de Direito e a cooperação contra o extremismo, a desinformação, o discurso de ódio e o enfraquecimento das instituições democráticas.
OITO DÉCADAS - A 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas marca os 80 anos de fundação da ONU, criada em 1945 com a assinatura da Carta de São Francisco. O Brasil foi um dos 51 signatários originais. A criação da ONU representou não apenas o fim da Segunda Guerra Mundial, mas o compromisso da comunidade internacional com a paz, os direitos humanos, a igualdade soberana entre os Estados e o desenvolvimento sustentável. Atualmente, a organização reúne 193 Estados-membros e dois Estados observadores: a Palestina e a Santa Sé.