11/13/2025 | Press release | Archived content
Em 1985, quatro jornalistas fundaram, em Montpellier, a Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Quarenta anos depois, a RSF se tornou uma das mais importantes organizações de defesa da liberdade de imprensa e do direito à informação no mundo, e uma das poucas de origem francesa. A organização celebra este ano seu quadragésimo aniversário.
Desde 1985, a RSF defende incansavelmente o direito de informar e de ser informado, em todas as partes do mundo. Nascida em Montpellier por iniciativa de quatro jornalistas, a RSF tornou-se uma associação reconhecida como de utilidade pública na França e uma organização não governamental (ONG) internacional de referência, apoiada por uma ampla rede de correspondentes, representantes, escritórios e seções distribuídos nos cinco continentes, além de contar com status consultivo, entre outros, junto às Nações Unidas. Seu combate: proteger jornalistas, denunciar a censura, apoiar o pluralismo e promover uma informação livre e independente.
"Há 40 anos, a RSF sustenta uma ideia simples, porém essencial: sem liberdade de imprensa, não existe liberdade alguma. Esse princípio, nascido em Montpellier da vontade de quatro jornalistas, tornou-se um combate mundial, travado todos os dias em todos os continentes. Em 2025, nossa missão continua a mesma: proteger aqueles e aquelas que assumem riscos para informar, denunciar a censura e lembrar incansavelmente que o direito de informar e de ser informado é um direito fundamental. Cada jornalista libertado, cada lei modificada, cada palavra publicada apesar do medo é uma vitória coletiva. A RSF é a história dessas vitórias, grandes e pequenas, conquistadas frente à repressão, à desinformação e à indiferença. Ao celebrarmos esses quarenta anos, homenageamos todas e todos que acreditaram - muitas vezes arriscando a própria vida - que a verdade merece ser dita. Sua coragem nos inspira. Ela nos lembra que a liberdade de imprensa nunca está garantida: conquista-se e defende-se, dia após dia, em todo o mundo.
1985: nascimento da RSF em Montpellier
Quatro jornalistas - Robert Ménard, Rémy Loury, Jacques Molénat e Émilien Jubineau - criam a RSF. A primeira vocação da associação era retornar aos locais de tragédias humanitárias para realizar reportagens e evitar que a indiferença sucedesse à comoção.
1988: lançamento do Observatório da Informação
Após mais de um ano de pesquisa, é publicado na primavera de 1989 A informação no mundo: 206 países sob o microscópio (Éditions du Seuil), um repertório de mais de 600 páginas dos principais meios de comunicação, país por país, avaliando seu grau de independência em relação ao poder político e a margem de atuação dos jornalistas no exercício da profissão. É o antepassado do atual Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa. Na época, a RSF contava com dois funcionários e um orçamento de cerca de 500 mil francos (aproximadamente 76 mil euros).
1989: primeira campanha de apadrinhamento
A RSF lança uma operação para apadrinhar jornalistas presos, pedindo a um veículo francês que "adote" um jornalista detido com o objetivo de obter sua libertação, mantendo leitores, ouvintes ou telespectadores informados sobre sua situação.
1990: debate sobre a crítica da mídia
Dentro da RSF, Jean-Claude Guillebaud, presidente entre 1987 e 1993, conduz um debate para que a associação, sem abandonar suas campanhas de solidariedade aos jornalistas em perigo, permaneça um espaço de reflexão sobre o ofício. Seus artigos "Os meios de comunicação contra o jornalismo" (1990, revista Le Débat) e "Os meios de comunicação contra a democracia" (1993, revista Esprit), além dos colóquios organizados no início dos anos 1990 para questionar práticas midiáticas, propuseram uma diferenciação clara entre o campo mediático e o exercício jornalístico.
1991: criação da RSF International
A nova organização tem por vocação coordenar a ação das seções da RSF ao redor do mundo, enquanto a associação cresce além da França. Hoje a RSF conta com 15 escritórios e seções.
1992: primeira edição do Prêmio RSF pela Liberdade de Imprensa
A RSF premia jornalistas que exercem seu trabalho apesar de ameaças e censura. O primeiro laureado, em 1992, foi o jornalista bósnio Zlatko Dizdarevic. Entre outros, Liu Xiaobo foi distinguido pelo prêmio RSF em 2004, antes de receber o Nobel em 2010. A jornalista iraniana Narges Mohammadi também recebeu o Prêmio RSF de Coragem em 2022, antes de ser laureada com o Nobel da Paz no ano seguinte - confirmando que o prêmio se tornou uma verdadeira antecâmara do Nobel. Em 2024, o jornalista palestino Waël al-Dahdouh recebeu o prêmio RSF na mesma categoria.
1992 também é o ano em que o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa é celebrado pela primeira vez, após ter sido iniciado em 20 de abril de 1991 pela RSF, antes de ser proclamado pela Assembleia Geral da ONU em 3 de maio de 1993.
1993: mobilização pelo diário Oslobodjenje
A RSF obtém do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) o transporte mensal de 10 metros cúbicos de papel para o diário Oslobodjenje, publicado em Sarajevo. A RSF conta então com 17 funcionários, 400 associados e administra um orçamento de 6,5 milhões de francos (cerca de 1 milhão de euros).
1995: lançamento do Fundo de Assistência
No ano em que é oficialmente reconhecida como de utilidade pública, a RSF cria um programa de ajuda de emergência para apoiar financeira e materialmente jornalistas em perigo e suas famílias. Hoje, a organização atua em mais de 65 países, oferecendo apoio para reinstalação de emergência, necessidades jurídicas e psicológicas, e reposição de equipamentos. Em 2024, a RSF apoiou mais de 700 jornalistas e 40 meios de comunicação no mundo.
2001: criação do escritório de Novas Mídias
A RSF se interessa cedo pela censura na web e pelas possibilidades de contorná-la. O domínio rsf.org é registrado em 2000, e a organização rapidamente passa a difundir conteúdo online.
2002: lançamento do Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa
A ferramenta avalia todos os anos a situação do jornalismo em 180 países e territórios - eram 139 em 2002. O ranking se torna rapidamente um barômetro internacional da liberdade de imprensa. A RSF também cria a rede Damoclès, braço judicial da organização.
2005: RSF obtém status consultivo na ONU e recebe o Prêmio Sakharov
O Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento é concedido pelo Parlamento Europeu para homenagear defensores dos direitos humanos. Essas duas distinções permitem à RSF intervir diretamente em instâncias internacionais para defender jornalistas.
2007: operação de impacto contra os Jogos Olímpicos de Pequim
Um ano antes dos Jogos de 2008, a RSF lança uma de suas operações mais espetaculares. Para denunciar a repressão aos jornalistas na China, um "comando" liderado por Robert Ménard e Jean-François Julliard estende na fachada de Notre-Dame, em Paris, uma imensa faixa em que os anéis olímpicos são representados por algemas. A RSF chama ao boicote da cerimônia de abertura e perturba o acendimento da chama olímpica em Olímpia, na Grécia.
2008: Jean-François Julliard sucede Robert Ménard
Depois de atuar na região da Ásia e chefiar o escritório na África, Jean-François Julliard se torna secretário-geral da RSF em 2008. Sob sua gestão, o primeiro escritório africano é inaugurado em Túnis, em 2011.
2010: mobilização pelos jornalistas reféns no Afeganistão
A RSF organiza uma campanha mundial pela libertação dos jornalistas franceses Hervé Ghesquière e Stéphane Taponier, além de seu tradutor afegão. Eles são libertados após um ano e meio de cativeiro.
2014: campanha pelo jornalista turco Can Dündar
Após meses de mobilização, o editor-chefe do Cumhuriyet é libertado em 26 de fevereiro de 2015, depois de 92 dias de prisão por revelar entregas de armas à Síria. Sua detenção provocou indignação internacional, especialmente porque seu jornal recebera o Prêmio RSF-TV5 Monde. Esse episódio tornou-se símbolo da resistência do jornalismo independente frente a regimes autoritários.
2015: votação da Resolução 2222
A RSF desempenha papel central na adoção da resolução 2222 do Conselho de Segurança da ONU, dedicada à proteção de jornalistas em zonas de conflito. A organização realiza intenso trabalho de advocacy para que a liberdade de imprensa seja reconhecida como essencial ao mantenimento da paz.
2017: lançamento do projeto Forbidden Stories
A RSF e a Freedom Voices Network lançam o Forbidden Stories, destinado a proteger dados de jornalistas ameaçados e permitir que suas investigações continuem em caso de assassinato ou prisão. Após incubar o projeto, a RSF transfere a gestão integral à organização parceira.
2018: lançamento da Declaração Internacional sobre Informação e Democracia
Setenta anos após a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a nova declaração reafirma princípios essenciais que regem o espaço global da informação, definido como "bem comum da humanidade".
2019: RSF inicia a Journalism Trust Initiative (JTI)
A norma JTI (CWA 17493:2019), desenvolvida sob a égide do Comitê Europeu de Normalização, reúne 130 organizações e atores da mídia. Em 2025, quase 2.400 veículos em 126 países utilizam a norma para avaliar transparência, ética, responsabilidade e robustez dos processos editoriais; 830 publicaram relatórios de transparência e 130 obtiveram certificação.
2020: #HoldTheLine por Maria Ressa
A jornalista filipina sofria assédio judicial. Para apoiá-la, a RSF, o CPJ e o ICFJ lançam a campanha #HoldTheLine. Maria Ressa recebe o Prêmio Nobel da Paz em 2021.
2021: evacuação de jornalistas do Afeganistão
Após a queda de Cabul, em 15 de agosto de 2021, a RSF age rapidamente para identificar jornalistas vulneráveis e solicitar sua evacuação, assim como de suas famílias. No total, mais de 200 evacuações são facilitadas.
2022: abertura de dois Centros pela Liberdade de Imprensa na Ucrânia
Dias após a invasão russa em larga escala, o primeiro centro da RSF é criado em Lviv, em 10 de março de 2022. Em 17 de maio, um segundo centro é aberto em Kyiv. Desde então, mais de 2.000 jornalistas e 220 meios ucranianos receberam apoio.
2023: Carta de Paris sobre IA
A RSF lança a Carta de Paris sobre Inteligência Artificial e Jornalismo, com 16 parceiros, para orientar o uso ético da IA nos meios de comunicação.
Fevereiro de 2024: decisão histórica do Conselho de Estado da França
O Conselho de Estado anula a recusa da Arcom em agir contra o canal CNews, dando razão à RSF e marcando avanço para o pluralismo e a independência da informação.
Março de 2024: lançamento do pacote via satélite Svoboda
A RSF firma acordo com a Eutelsat para lançar o bouquet Svoboda e oferecer informação independente a cerca de 5,3 milhões de lares na Rússia e em territórios ocupados da Ucrânia.
Junho de 2024: falecimento de Christophe Deloire
Secretário-geral da RSF desde 2012, Christophe Deloire falece em 8 de junho de 2024. Sob sua liderança, a RSF amplia sua influência e lança iniciativas importantes.
Setembro de 2024: mobilização pelas rádios comunitárias no Sahel
A RSF apoia rádios comunitárias em meio ao agravamento da insegurança na região. Em 24 de setembro, RSF e mais de 500 rádios lançam um apelo à proteção desses meios. Em 2025, a RSF lança o documentário Rádios comunitárias: seu combate para informar no Sahel, apresentado em Dakar e exibido na Arte.
Setembro de 2025: lançamento do Propaganda Monitor
A iniciativa visa "informar e agir contra os mecanismos de propaganda e desinformação", expondo lógicas geopolíticas e propondo meios de ação. A primeira temporada é dedicada à propaganda do Kremlin.
Novembro de 2025: RSF comemora 40 anos
O ano comemorativo é marcado pelo festival Informar o mundo de amanhã na Gaîté Lyrique em Paris, pela exposição internacional Fotografar o mundo de amanhã e pelo lançamento de um álbum comemorativo em parceria com o Studio Ghibli.