De 15 dias a 72 horas: pagamentos digitais aceleram a remuneração de 120 000 trabalh...

Nairobi, Quénia - Durante anos, os profissionais de saúde da linha da frente no Quénia enfrentaram grandes atrasos no pagamento da sua remuneração pelo trabalho nas campanhas de vacinação. Muitas vezes, os sistemas de pagamento em dinheiro demoravam mais de duas semanas a concretizar-se, por vezes não chegando sequer aos trabalhadores. O processo ficou sobrecarregado devido aos custos elevados, aos riscos e à falta de transparência, o que minou o moral e prejudicou a resposta aos surtos de poliomielite.

Para superar estes desafios, a equipa de finanças digitais da OMS, em colaboração com o Ministério da Saúde e o escritório de país da OMS no Quénia, introduziu um sistema de pagamento digital, com vista a assegurar que os profissionais de saúde sejam remunerados de forma mais rápida e fiável. Actualmente, os pagamentos chegam às carteiras móveis dos trabalhadores em 72 horas, o que representa uma melhoria significativa em relação à média anterior de 15 dias.

"Anteriormente, os pagamentos eram recebidos através do M-Pesa, mas havia atrasos que dificultavam as coisas. Com o novo sistema digital, os pagamentos são efectuados atempadamente e não tenho tido quaisquer problemas." Joram Obadiah Andera, agente comunitário de saúde, concelho de Busia.

Foi criado um grupo de trabalho nacional para os pagamentos digitais, encarregado de coordenar a recolha de dados, registar os trabalhadores, verificar as informações e supervisionar os pagamentos. Apesar de alguns problemas iniciais com desacertos entre a identificação de trabalhadores e os números de telefone, graças à exactidão, rapidez e transparência, o sistema tem sido muito bem acolhido.

"O Ministério da Saúde desempenhou um papel fundamental, ao coordenar os municípios e os parceiros e ao assegurar que o sistema fosse implementado sem perturbações. O Quénia está pronto para uma mudança digital na prestação dos serviços de saúde pública", garante Sam Siboyi, responsável pelas finanças digitais no Ministério da Saúde do Quénia

As fortes parcerias com o fornecedor de dinheiro móvel M-Pesa tornaram possível chegar às regiões mais isoladas, reforçando o compromisso do governo e demonstrando que se trata de um modelo aplicável a futuras campanhas de saúde.

"O sistema é mais rápido, mais rigoroso e evita duplicações. Os municípios assumiram o compromisso para com esta iniciativa, e os trabalhadores da linha da frente estão motivados, porque sabem que os pagamentos lhes chegarão a tempo", declarou Lucy Murutu, assistente do programa no escritório de país da OMS no Quénia.

O impacto já se tornou evidente: mais de 120 000 trabalhadores da linha da frente foram registados numa base de dados verificada; os pagamentos, que outrora demoravam mais de duas semanas, são agora efectuados em apenas alguns dias; e foi ministrada formação a 127 funcionários do Ministério da Saúde, em 13 concelhos, habilitando-os a gerir o processo.

Com um investimento sustentado, o sistema de pagamentos digitais do Quénia está a lançar as bases para uma reforma mais ampla do financiamento da saúde, assegurando que os trabalhadores da linha da frente sejam pagos de forma rápida, segura e transparente - e que tenham maior capacidade para administrar vacinas que salvam vidas a todas as crianças.