Federal Government of Brazil

11/09/2025 | Press release | Distributed by Public on 11/09/2025 11:36

Lula reforça cooperação entre América Latina e Europa na 4ª Cúpula Celac-UE, na Colômbia. Assista

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participação neste domingo (9/11) da 4ª Cúpula Celac-UE, que vai até esta segunda (10) em Santa Marta, na Colômbia. O encontro reunirá líderes europeus e latino-americanos e caribenhos para discutir uma ampla agenda global, com ênfase em educação, saúde, inovação, inteligência artificial, comércio, investimentos e combate ao crime organizado.

Esta é a quarta cúpula entre a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos e a União Europeia, e o décimo encontro entre as duas regiões desde 1999. A expectativa é que, durante o evento, seja consolidada a chamada "Declaração de Santa Marta" e o "Mapa do Caminho 2025-2027", instrumentos que visam converter o diálogo birregional em ações concretas e orientar a implementação das prioridades entre as duas regiões.

Segundo a secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, embaixadora Gisela Padovan, "a participação do presidente Lula é absolutamente natural, tendo presente que ele, desde que tomou posse no terceiro mandato, além de ser tradicionalmente um grande propulsor da integração regional, participou de todas as cúpulas". "O primeiro ato de política externa dele foi ir a Buenos Aires participar da Cúpula Celac, em 2023", disse a embaixadora em encontro com jornalistas nesta quinta-feira (6 de novembro).

"Essa é a medida da importância que ele atribui ao diálogo e à cooperação e ao entendimento com os países latino-americanos e caribenhos e, nesse caso, com os nossos parceiros europeus", afirmou Padovan.

A CÚPULA - A Celac foi criada em 2010 e reúne os 33 países da América Latina e do Caribe. A organização intergovernamental em o propósito de promover o diálogo e a cooperação em temas como segurança alimentar, saúde, energia, desenvolvimento sustentável e transformação digital na região.

A Colômbia ocupa a presidência pro tempore do mecanismo em 2025, sucedendo Honduras, e será sucedida pelo Uruguai em 2026. O Brasil, que teve papel central na criação da comunidade, retomou sua participação plena em janeiro de 2023, após três anos de ausência, reafirmando a integração regional como prioridade de sua política externa.

De acordo com Padovan, a Declaração de Santa Marta contemplará temas como comércio e investimentos, clima, meio ambiente, transição energética, segurança cidadã, combate ao crime organizado transnacional, segurança alimentar e nutricional, autossuficiência sanitária, inclusão social, cuidados, educação e pesquisa, migração e mobilidade, relações culturais e transição digital. "Todos esses temas estarão na declaração, e o Mapa do Caminho é uma espécie de plano de ação, sobre como implementá-la", disse.

Estamos falando de um grupo de países que representam um bilhão de pessoas, com históricos vínculos entre as sociedades e um fluxo comercial de mais de 300 bilhões de dólares entre as duas regiões. Essa aproximação é natural, tanto pelos laços históricos quanto pelo interesse econômico mútuo", acrescentou a embaixadora.

DIÁLOGO - A Celac mantém diálogo regular com outros parceiros internacionais, como a União Africana, o Conselho de Cooperação do Golfo, a China, a Índia e a Turquia. Padovan afirmou que as duas instâncias mais avançadas de diálogos são, respectivamente, com a União Europeia e a China. "A Celac tem essa dimensão de um diálogo com os grandes países internacionais, e essa dimensão externa é bastante importante."

OUTRAS DECLARAÇÕES - Durante o encontro, também serão apresentadas duas declarações de livre adesão - isto é, que não são obrigatórias para todos os países participantes da cúpula. Uma delas será sobre segurança cidadã e a outra sobre política de cuidados. "Nós somos diversos na América Latina, mas enfrentamos desafios comuns, e segurança cidadã é o tema que está na boca de todos hoje em dia. A política de cuidados, por sua vez, é uma pauta muito importante do governo brasileiro, voltada ao cuidado dos mais vulneráveis", disse a embaixadora.

Ao abordar o papel estratégico da região nas discussões globais, Padovan enfatizou que a América Latina e o Caribe têm uma posição estratégica na produção global de alimentos e na transição ecológica, desempenhando papel decisivo na construção de uma economia verde e sustentável. "A gente tem que aproveitar o potencial da América Latina e Caribe, o potencial de celeiro do mundo. Nós somos imprescindíveis para a segurança alimentar global. Essas reuniões são para aprofundar esse potencial, não para ficar discutindo política", afirmou ela.

Confira íntegra da fala de Lula em Santa Marta, Colômbia

Quero saudar o trabalho da Colômbia e da União Europeia pela realização desta Quarta Cúpula birregional. Desejo igualmente expressar minhas condolências às vítimas das tempestades que atingiram recentemente o Caribe e o estado do Paraná, na região Sul do Brasil. Nossos pensamentos e orações estão com todas as vítimas e seus familiares.

A CELAC e a União Europeia são centrais para a construção de uma ordem mundial baseada na paz, no multilateralismo, e na multipolaridade. Há dois anos, quando nos reunimos em Bruxelas pela última vez, vivíamos um momento de relançamento dessa histórica parceria. Desde então, experimentamos situações de retrocesso.

A América Latina e o Caribe vivem uma profunda crise em seu projeto de integração. Voltamos a ser uma região balcanizada e dividida, mais voltada para fora do que para si própria.

A intolerância ganha força e vem impedindo que diferentes pontos de vista possam se sentar à mesma mesa. Voltamos a conviver com as ameaças do extremismo político, da manipulação da informação e do crime organizado.

Projetos pessoais de apego ao poder solapam a democracia. Estamos deixando de cultivar nossa vocação de cooperação e permitindo que conflitos e disputas ideológicas se imponham.

Como resultado, vivemos de reunião em reunião, repletas de ideias e iniciativas que muitas vezes não saem do papel. Nossas Cúpulas se tornaram um ritual vazio, dos quais se ausentam os principais líderes regionais.

A guerra no coração da Europa segue semeando a incerteza e canaliza para fins bélicos recursos até então essenciais para o desenvolvimento justo e sustentável que sonhamos. A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e do Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justiçar intervenções ilegais.

Somos uma região de paz e queremos permanecer em paz. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional. A democracia também sucumbe quando o crime corrompe as instituições, esvazia os espaços públicos, destrói famílias e desestrutura negócios.

A segurança é um dever do Estado e um direito humano fundamental. Não existe solução mágica para acabar com a criminalidade. É preciso reprimir o crime organizado e suas lideranças, estrangulando seu financiamento e rastreando e eliminando o tráfico de armas. O alcance transnacional do crime coloca à prova nossa capacidade de cooperação.

Nenhum país pode enfrentar esse desafio isoladamente. Ações coordenadas, intercâmbio de informações e operações conjuntas são fundamentais para que a gente consiga vencer. Foi com esse objetivo que renovamos o Comando Tripartite da Tríplice Fronteira, com a Argentina e o Paraguai.

Em Manaus, estabelecemos o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, reunindo agentes de nove países sul-americanos. Essas são plataformas permanentes de cooperação para combater crimes financeiros e o tráfico de drogas, de armas e de pessoas.

Meus amigos e minhas amigas, a COP30, que está acontecendo no coração da Amazônia, é uma oportunidade para a América Latina e o Caribe mostrarem ao mundo que conservar as florestas é cuidar do futuro do planeta.

O Fundo de Florestas Tropicais para Sempre é uma solução inovadora para que nossas florestas valham mais em pé do que derrubadas.

A transição energética é inevitável. Nossa região é fonte segura e confiável de energia limpa e pode acelerar a redução da dependência dos combustíveis fósseis.

Também temos um enorme potencial de aprofundar nossos laços econômicos. O Acordo MERCOSUL-União Europeia prova que é possível fortalecer o multilateralismo também na frente comercial.

Na próxima Cúpula do MERCOSUL, em dezembro, espero que os dois blocos possam finalmente dizer sim para o comércio internacional baseado em regras como resposta ao unilateralismo.

Com esse instrumento, integraremos duas das maiores áreas de livre comércio do mundo para formar um mercado de 718 milhões de pessoas e PIB de 22 trilhões de dólares.

Novas cadeias produtivas resilientes podem reverter o papel da América Latina e o Caribe de fornecer matéria-prima e mão-de-obra barata para o mundo desenvolvido.

Somos duas regiões pioneiras na promoção da igualdade de gênero. Podemos abrir o caminho para a superação do trabalho invisível e não remunerado das tarefas de cuidado, que recaem de forma desproporcional sobre as mulheres. Mulheres que, apesar de representarem mais da metade da população mundial, nunca exerceram a mais alta função das Nações Unidas. É chegada a hora de ter uma latino-americana no cargo de Secretária-Geral da ONU.

Precisamos enviar ao mundo um sinal de que duas regiões estratégicas como América Latina e Caribe e a Europa estão comprometidas com uma agenda promissora.

Uma agenda de paz, cooperação, ampliação do comércio e dos investimentos, geração de empregos e crescimento sustentável. Fatores essenciais para construir um futuro inclusivo e repleto de oportunidades.

Muito obrigado.

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