Heróis da esperança homenageados no Dia Mundial do Doador de Medula Óssea neste sábado (20)

"Para além da compatibilidade genética, meu pai é o meu amor. Não hesitei em ser doadora e estou muito feliz por fazer isso por ele". A empresária Silvia Aline Boto, 43 anos, vai doar medula óssea, ainda neste mês, para o pai Alberto Carvalho de Oliveira, 73 anos, em São Paulo. Apesar da correria da viagem, ela, que já era cadastrada como doadora desde 2016, celebra a chance de poder ajudar quem ama, neste mês, no qual se comemora o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea, que acontece neste sábado (20).

No Estado, outros 189.850 doadores de medula óssea, segundo o Registro brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), esperam ser heróis de pacientes que precisam de transplante. Desde que nasceu, Mayara Beguem Bonfante, 12 anos, portadora da Anemia de Diamond-Blackfan, percorre todo mês 183 km com a mãe Patrícia Preciosa, 34 anos, para fazer transfusões de sangue no Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória, em Vitória.

Entre as coisas que mais gosta de fazer no Rio Bananal, Mayara ama brincar e mexer no celular, enquanto vive a rotina de cuidado com a doença com remédios de alto custo e tratamento em São Paulo, dentro do Programa de Tratamento Fora do Domicílio (TFP). "Não perdemos a esperança de encontrar um doador. Eu já até tentei ter outros filhos, sem sucesso. São mais de R$ 18 mil em remédios por mês, além do acompanhamento periódico em São Paulo, que de vez em quando fazemos de ônibus ou de avião. Se não fosse pelo Sistema Único de Saúde (SUS) não seria possível arcar com tudo isso", disse Patrícia Preciosa.

Apesar do número de doadores ter aumentado ao longo dos últimos anos, o Espírito Santo precisa de mais doadores. Ele registrou 2.524 cadastros neste ano, até o momento, no Redome.

"Meu pai sempre foi uma pessoa muito saudável. Em fevereiro deste ano, ele passou mal e descobrimos que estava com leucemia mielóide aguda. Fizemos o tratamento, mas foi necessário o transplante. Vamos passar seis meses em São Paulo. Vou trabalhar remotamente junto com a minha sócia, que é muita companheira. Temos uma rede de apoio na família, que vai ser fundamental neste momento", afirmou Silvia Boto.

Em permanente campanha para o cadastro de novos doadores, o Centro de Hemoterapia e Hematologia Marcos Daniel Santos (Hemoes) tem se esforçado na busca de pessoas interessadas em ajudar a todos que precisam, incluindo a pequena Mayara, que integra a lista de 540 pacientes que esperam por um transplante de medula óssea no Espírito Santo, de acordo com o Redome. No Brasil, esse número é de 30.812 pessoas.

"A chance de encontrar um doador compatível entre irmãos, filhos de mesmo pai e mesma mãe, é estimada em 25% das famílias brasileiras. Para 75% dos pacientes, é necessário buscar um doador alternativo no Redome. As chances de compatibilidade são de um para 100.000 candidatos cadastrados. Por isso, a importância desse ato concreto de solidariedade de ser doador de medula. O cadastro pode ser feito em qualquer unidade do Hemoes - Vitória, Serra, Linhares, São Mateus e Colatina - ou nas ações itinerante do Hemoes nos outros municípios", explicou a diretora-geral do Hemoes, Marcela Murad.

Novos doadores de medula e novos pacientes receptores no Espírito Santo por ano.

Fontes: Redome e Hemoes. *Dados de pacientes receptores apurados até junho de 2025.

Critérios

Para ser doador, a pessoa precisa ter 18 e 35 anos e 6 meses; boa saúde e não apresentar doenças infecciosas, hematológicas, oncológicas ou doenças autoimunes. Durante o cadastro, é coletado 5ml de sangue para realização de teste de compatibilidade genética, o HLA (Antígenos Leucocitários Humanos).

O HLA determina as características genéticas necessárias para a compatibilidade entre o doador e o paciente. O tipo de HLA de todos os voluntários capixabas é cadastrado no Redome.

"O mês de setembro é um período importante para reforçarmos a conscientização sobre a doação de medula óssea. Entretanto, é essencial destacar que o cadastro de novos doadores pode ser realizado durante todo o ano, já que a necessidade dos pacientes é permanente. Ampliar e atualizar o número de voluntários no Redome aumenta significativamente as chances de compatibilidade e de oferecermos uma nova oportunidade de vida a quem aguarda pelo transplante", informou diretora-técnica do Hemoes, Soraya Almeida.

É importante que o doador mantenha sempre seus dados cadastrais atualizados no site do Redome (http://redome.inca.gov.br/doador) para que possa ser convocado rapidamente, caso seja encontrado um doador compatível

Serviço:

Seja doador de medula óssea!

Quem pode: pessoas com idade entre 18 e 35 anos e 6 meses; com boa saúde e sem doenças infecciosas, hematológicas, oncológicas ou doenças autoimunes.

Como fazer: basta levar um documento oficial com foto ao hemocentro mais próximo. Além de preencher um cadastro com informações pessoais, o doador assina um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, onde consta o número do registro no Redome.

Coleta: durante o cadastro, são retirados 5 ml de sangue do doador para os exames que informam as características genéticas dele. Os resultados são enviados diretamente ao Redome.

Onde fazer: no Hemoes, em Vitória, unidade de coleta da Serra, e nos Hemocentros de São Mateus, Linhares e Colatina. Os endereços estão disponíveis em https://hemoes.es.gov.br/enderecos-dos-hemocentros

Funcionamento: a unidade de Vitória funciona todos os dias da semana, incluindo feriados, das 7h às 19h. As outras unidades abrem de segunda-feira a sexta-feira, das 7h às 16h. Importante ressaltar que os doadores precisam chegar até 18h20, em Vitória, e 15h20 nos outros pontos de coleta para realização do cadastro e consulta de triagem.

Carteirinha: o doador cadastrado no Redome recebe a Carteira Nacional de Doador de Medula Óssea por e-mail ou pelo aplicativo do Redome.

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