09/01/2025 | News release | Distributed by Public on 09/01/2025 10:45
A doação de medula óssea e de órgãos é um gesto de solidariedade que salva vidas. No Brasil, todos os anos milhares de pessoas recebem uma nova chance de viver por meio de transplantes. Ainda assim, a demanda por doadores é grande: cerca de 78 mil pacientes aguardam na fila por um transplante. Diante dessa realidade, datas como o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea e o Dia Nacional da Doação de Órgãos são celebradas para conscientizar a população sobre a importância do cadastro de doadores e do consentimento familiar para doação, homenageando quem se dispõe a salvar vidas por meio da doação.
O transplante de medula óssea - também chamado transplante de células-tronco hematopoéticas - é um tratamento indicado para doenças graves que afetam as células do sangue, como leucemias e linfomas; nesses casos, substituir uma medula doente por células saudáveis doadas pode representar a única chance de cura do paciente. Desde os primeiros transplantes realizados na década de 1950, mais de um milhão de pacientes ao redor do mundo já foram beneficiados por esse procedimento. Muitas vezes, quando não há um doador compatível na família, é necessário encontrar um voluntário não aparentado. Graças a registros de doadores espalhados internacionalmente, um doador de outra parte do planeta pode ser a melhor opção para o paciente local que não dispõe de um familiar compatível.
O Dia Mundial do Doador de Medula Óssea é comemorado anualmente no terceiro sábado de setembro. Criada pela World Marrow Donor Association (WMDA), essa campanha global tem o objetivo de agradecer aos doadores e conscientizar o público e os gestores de saúde sobre a importância de se registrar como doador de medula. De acordo com o Ministério da Saúde, a WMDA congrega registros de diversos países, totalizando mais de 41 milhões de doadores cadastrados em todo o mundo. Essa colaboração global possibilita que pacientes sem doador compatível na família possam encontrar um doador ideal em outro continente, reforçando a esperança de vida para milhares de pessoas.
O transplante de órgãos é muitas vezes a única esperança de vida para pacientes com falência de órgãos vitais. Conforme destaca o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), um único doador falecido pode salvar até oito vidas por meio da doação de seus órgãos. O Brasil abriga o maior programa público de transplantes do mundo, com o Sistema Único de Saúde (SUS) financiando cerca de 95% de todos os transplantes realizados no país. Em números absolutos, somos a segunda nação que mais realiza transplantes, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Esses fatos refletem a importância da cultura da doação de órgãos na sociedade e o impacto positivo que um doador pode ter na vida de vários pacientes.
No Brasil, o Dia Nacional da Doação de Órgãos é celebrado em 27 de setembro. A data foi instituída pela Lei nº 11.584/2007 com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a importância da doação de órgãos. Em setembro, mês conhecido como "Setembro Verde", diversas ações de esclarecimento e incentivo à doação ocorrem por todo o país. A campanha estimula as pessoas a conversarem com seus familiares sobre seu desejo de doar órgãos. Essa mobilização nacional não apenas homenageia doadores e receptores, mas também desmistifica preconceitos e amplia o debate sobre a solidariedade envolvida na doação.
Apesar dos avanços, ainda existem desafios significativos nesse campo. A taxa de recusa familiar à doação de órgãos permanece elevada. Segundo uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), os principais motivos de negativa das famílias são a falta de compreensão sobre o conceito de morte encefálica, o despreparo das equipes de saúde na comunicação da morte e motivos religiosos. Como a legislação brasileira determina que cabe à família autorizar a doação de órgãos de um ente falecido, essa é uma etapa crítica do processo. No caso da medula óssea, o desafio é encontrar doadores compatíveis para todos os pacientes: mesmo com um cadastro global superior a 41 milhões de doadores, mais de 8% das buscas não encontram nenhuma compatibilidade, de acordo com a WMDA. Isso evidencia a necessidade de ampliar continuamente os registros de doadores, diversificando perfis genéticos para aumentar as chances de correspondência. Também é preciso manter e ampliar o número de doadores efetivos. Em 2024, embora o Brasil tenha realizado um recorde de transplantes, houve uma diminuição no número de doadores em relação a 2023. Autoridades de saúde enfatizam a importância de intensificar campanhas de conscientização, como as de Setembro Verde, para reverter esse quadro e garantir que mais vidas possam ser salvas.
Para se tornar um doador voluntário de medula óssea, é preciso ter entre 18 e 35 anos de idade > (o cadastro permanece ativo até os 60 anos) e estar em bom estado de saúde. O candidato deve procurar um hemocentro, assinar um termo de consentimento e fornecer uma amostra de sangue para exame de tipagem HLA. As características genéticas do doador são então registradas no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME). Caso seja encontrado um paciente compatível, o doador é convocado e passa por exames de confirmação antes de realizar a doação em si.
No caso da doação de órgãos, há duas modalidades de doador. A doação em vida é permitida para pessoas saudáveis, que podem doar um rim ou parte do fígado ou do pulmão a um familiar (para doação entre não parentes, exige-se autorização judicial prévia. Já a doação de órgãos após o falecimento depende do consentimento dos familiares. Pela legislação vigente, apenas com autorização familiar os órgãos de um falecido podem ser doados. Por isso, é fundamental comunicar à família, em vida, o desejo de ser doador. Em situações de morte encefálica (quando o cérebro para de funcionar de forma irreversível), um único doador falecido pode beneficiar várias pessoas; nesses casos, órgãos vitais (coração, pulmões, rins, fígado) e tecidos como córneas, ossos e veias podem ser transplantados.
A doação de medula óssea e de órgãos representa um ato de altruísmo que oferece vida nova a milhares de pacientes. Graças a esses gestos solidários, muitas vidas são salvas, mas outras ainda dependem dessa solidariedade. As campanhas e datas comemorativas dedicadas a esse tema, como o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea e o Dia Nacional da Doação de Órgãos, reforçam a importância de uma postura solidária da sociedade. Seja cadastrando-se como doador de medula ou expressando à família o desejo de doar órgãos, cada cidadão pode contribuir para salvar vidas. Ao difundir informações, derrubar mitos e valorizar os doadores, construímos uma cultura de doação mais forte, em que mais pessoas têm a oportunidade de receber o transplante que necessitam e ganhar uma nova chance de viver.
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Fontes:
https://portal.conasems.org.br/noticias/1064_sus-ultrapassa-a-marca-de-30-mil-transplantes-em-2024